Sério, parece brincadeira ou frescura, mas juro que não é!
Quando os amigos começam a perguntar “E aí, como é por lá?” A conversa começa e segue até o momento em que, sem nem me dar conta, menciono alguma particularidade do “velho mundo” que, aos nossos olhos de brasileiros, parece coisa de outro mundo.
É curioso (e, confesso, divertido) contar alguns aspectos próprios da cultura e da vida europeias, vendo a cara do pessoal. Algumas vezes, pensam que estou mentindo mesmo!"Isso não existe!”
Mas existe! Para ilustrar, resolvi fazer uma lista das coisas que considero
absolutamente comuns na minha vida diária, mas que para nós, nascidos neste
país-tropical-abençoado-por-Deus-e-bonito-por-natureza-mas-que-beleza, parecem saídas de histórias de ficção científica. Vejam:
1 – POSTO DE GASOLINA SEM FRENTISTA
É eu mencionar isso, e meus amigos brasileiros ficarem de queixo caído. “Como assim?! E quem coloca a gasolina?! E como paga?! E se o maluco fugir sem pagar?! E se explodir a P%&$# toda?!”
Vou esclarecer : é claro que existem postos de gasolina com frentista na Europa. A questão é que além desses tradicionais há aqueles em que ficam lá só as bombas de combustível e você tem que se virar, meu amigo.
Mas tem um detalhe: o preço do combustível é sempre mais barato nos postos self-service. A razão é óbvia: sem frentista o dono do posto tem menos despesas. Se tem menos despesas, os custos diminuem. Se os custos diminuem, os preços caem. E assim “Deus abençoa o capitalismo"!
Abastecer sozinho o carro é bem simples, basta saber ler e raciocinar logicamente.
Durante o dia, é comum que as lojinhas dos postos (quase todo posto tem uma lojinha dessas de conveniência) estejam lá para receber o pagamento. Aí, se você preferir, pode primeiro abastecer e depois pagar directamente no caixa.
“Mas o maluco pode abastecer e fugir sem pagar!” Pode. Se ele for um turista vagabundo, beneficiário do Bolsa-Família . Mas não se enganem: há câmeras em todos os postos, e a polícia será avisada da sua “brincadeirinha”…Não me lembro nos últimos 22 anos de ouvir falar de alguém abastecer e não pagar.
2 – SISTEMA SELF-CHECKOUT NOS SUPERMERCADOS.
Estranhou posto de gasolina sem frentista? Pois agora imagina um caixa de
supermercado sem a funcionaria. Impossível? Ficção científica? Fringe? Não, amigos. Isso é muito comum lá "nazorópa".
Funciona exactamente como um caixa normal, a diferença é que você faz a leitura dos códigos de barra dos produtos no lugar de um funcionário do supermercado. Entra, pega seu carrinho, junta suas compras e, na hora de sair, vai passando um produto de cada vez no leitor óptico, enquanto o computador soma o valor.
No final, basta escolher se vai pagar em cartão ou dinheiro, e pronto! A máquina termina o processo de pagamento e você vai para sua casa muito mais rápido, afinal o ser humano é um animal preguiçoso e a maioria das pessoas prefere encarar as filas dos caixas onde estão as tiazinhas contratadas pelo
supermercado, a fazer o trabalho pessoalmente.
Pronto,lá estão pensando de novo “mas devem roubar muita coisa!"Vocês aqui só pensam nisso? Sim, claro que dá pra roubar os produtos. O que impede que isso aconteça é o caráter da galerinha, educada em – como direi? – “Outros padrões”… Sem falar que os vigilantes podem a qualquer momento desconfiar das caras , e obrigá-los a mostrar as compras. Aí, quem bancou o espertinho vai dormir na cadeia, hehehe.
3 – EMBALADOR DE COMPRAS?! O QUE É ISSO?
Lá na Europa (e acho que em algumas cidades maiores e mais desenvolvidas do Brasil, também) simplesmente não existe mais a figura do embalador de compras.
Você vai no supermercado, escolhe o que quer levar, passa no caixa (o tradicional, ou o do sistema self-checkout) e, depois, cuida de embalar suas tralhas! Ninguém vai fazer isso por você, e o próximo freguês também tá com pressa!
O que a gente faz lá é já ir embalando as compras tão logo a menina do caixa vai passando , de modo a agilizar o processo todo. Aí, quando chega a hora de pagar, os produtos já tão todos dentro das sacolas.
4 – QUER SACOLINHA PARA AS COMPRAS? TEM QUE COMPRAR!
Para desencorajar o uso das sacolas plásticas de supermercado, a galerinha decidiu cobrar por elas – o que, convenhamos, é um lance de gênio!
Aí, ou você compra cada sacolinha por cinco centavos de euro, ou se vira e passa a usar aquelas reutilizáveis.
“Ah, só cinco centavos?!” Pois é, só. Imagina quem precisa ir no supermercado toda semana, comprando umas dez-quinze sacolinhas cada vez. É por isso que todos os nativos usam as sacolas ecologicamente corretas (que eu prefiro chamar de economicamente corretas, afinal salvam os nossos bolsos…). No sábado eu vou a feira e levo um carrinho como esse da foto, em compras grandes escolho o supermercado que não cobra o saquinho,e em compras pequenas,levo meu proprio saco.Essa é a minha solução.
6 – VOCÊ JOGA PAPEL HIGIÉNICO NO LIXO? SEU PORCO!
Aqui uma coisa que pode parecer muito insignificante, mas chama a atenção de quem vai à Europa pela primeira vez: papel higiênico usado deve ser jogado no vaso,(sanita) não na lixeirinha. Na maioria dos lugares, aliás, nem lixeirinho perto do vaso existe! Li um dia desses o seguinte “O mundo está dividido em duas partes: a que tem sistema de esgotos que permite jogar o papel higiénico na
privada, e a que não tem. E, desculpe a intimidade, mas no mundo com sistema de esgotos que permite, se considera muito nojento jogar papel usado no lixo."
7 – ÓNIBUS SEM COBRADOR.
Pois é, a pessoa compra o bilhete (ou um cartão onde coloca créditos para um dia, uma semana, um mês, um ano…), entra no ónibus se dirige até uma das maquininhas que ficam dentro do veículo e tasca o bilhete dentro (ou passa o cartão na frente do leitor óptico). Pronto, simples assim.
E, sim. Eu sei que com a mente criminosa de vocês, estão todos pensando algo como “nossa, mas assim fica fácil de viajar sem gastar a passagem”. Verdade, dá pra neguinho subir no ónibus não inserir o bilhete na máquina e viajar de graça.
Mas isso é ser desonesto, meus caros. E aí voltamos pro que já falei antes: os valores lá não são como cá… A arte do “jeitinho” e do “sou esperto e passo os outros pra trás” são instituições brasileiras que não imperam no primeiro mundo. Por isso eles são o que são, e nós somos o que somos…
“Ah, mas isso é lei no Brasil também.”
Sim, mais uma dessas leis que, como se diz por aqui, “não pegou”… O que faz a coisa lá ser tão diferente, é que todos os vendedores imprimem a nota (ou o cupom) fiscal sempre, sem nunca perguntar se o cliente quer. Eles sabem que é lei, portanto cumprem. Que maravilha, heim?
Você entra no bar e pede um café, paga um euro e a vendedora vai lá, imprime seu cupom fiscal e larga ele no balcão, na sua frente. Aí, se na hora de sair você virar as costas e esquecer o cupom lá, ela te chama só pra lembrar que é preciso ficar com ele. Pedir factura não custa nada e faz com que haja mais justiça fiscal.Mais imposto cobrado gera um aumento das receitas. Se os prestadores de serviços contribuirem com as suas obrigações fiscais, menos os consumidores finais pagarão de impostos.
Pedir factura, é o primeiro passo para que exista maior equidade fiscal.Cada vez que for ao restaurante, ao posto de combustível, ao mecânico, ao cabeleireiro, ao supermercado, a uma loja de roupa e por aí fora, os rendimentos que advêm das suas compras mais facilmente serão tributados.Aqui isso funciona.
9- CARRINHO NO SUPERMERCADO/AEROPORTO? TEM QUE PAGAR!
Sim, precisa pagar mesmo. Mas é só um empréstimo: você deposita uma moeda, pega o carrinho, usa pro que precisa e, ao final, devolve. Aí, quando devolve, pode pegar sua moeda de novo. Na verdade, é mais como uma consignação…
O curioso é que isso é algo tão distante da realidade brasileira, que tem até carregador no aeroporto, que pega todos os turistas brasileiros de surpresa.
Uma das coisas mais engraçadas do mundo é ver o pessoal penando na tentativa
de ARRANCAR os carrinhos dos postos de retirada, sem entender que estão
presas...
Mais bacana que isso é quando eles finalmente descobrem o sistema, e saem no meio dos outros passageiros pedindo “”"”"emprestada”"”" uma moedinha pra pegar o carrinho.
Claro que eu, como boa brasileira, sempre levo umas moedinhas a mais para socorrer meus conterrâneos . Aproveito e forço no sotaque português, pra eles pensarem “Nossa, como são simpáticos aqui em Portugal”.
As diferenças são muitas daria para ainda muita coisa,mais
alguém lembra de grandes diferenças culturais já tão enraizadas que nem notamos
tanto no dia a dia?
Luciana
Luciana
São descobertas do dia a dia.
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